terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ruído urbano aumenta risco de derrame em idosos


arte: Nazareno Affonso


Folha de São Paulo 
A exposição ao ruído de trânsito aumenta o risco de derrame em pessoas com 65 anos ou mais, segundo estudo publicado nesta quarta-feira na edição on-line da revista especializada "European Heart Journal".




Na pesquisa feita com mais de 50 mil pessoas, cada 10 decibéis a mais de barulho de trânsito aumenta o risco de derrame em 14%, em média, em todos as faixas etárias.



Para aqueles abaixo dos 65 anos, o risco não foi estatisticamente significativo. Mas a probabilidade aumentou enormemente no grupo de pessoas com mais de 65 anos, aumentando 27% para cada 10 decibéis a mais de barulho.



Acima de 60 decibéis, o risco de derrame aumentou ainda mais, afirmaram os cientistas.



Uma rua movimentada pode facilmente gerar níveis de ruído entre 70 e 80 decibéis. Comparativamente, um cortador de grama ou uma serra elétrica atingem de 90 a 100 decibéis, enquanto um avião a jato produz 120 decibéis de ruído na decolagem.



"Estudos anteriores vincularam o ruído do tráfego a uma elevação da pressão sanguínea e de ataques cardíacos", disse o chefe das pesquisas, Mette Sorensena, da Sociedade Dinamarquesa de Câncer.



"Nosso estudo demonstra que a exposição ao ruído de tráfego parece aumentar o risco de derrame", acrescentou.



O estudo revisou históricos médicos e de residência de 51.485 pessoas que participaram da pesquisa Dieta Dinamarquesa, Câncer e Saúde, realizada em Copenhague e arredores entre 1993 e 1997.



Um total de 1.881 pessoas sofreu derrame neste período.



Segundo o artigo, 8% de todos os casos de derrame e 19% destes casos registrados em pessoas acima dos 65 anos poderiam ser atribuídos ao barulho do trânsito.



Os cientistas sugerem que o ruído atua como um fator de estresse e perturbador do sono, o que resulta na elevação da pressão sanguínea e da frequência cardíaca, bem como no aumento do nível de hormônios de estresse.



O estudo contabilizou os efeitos da poluição do ar, da exposição ao ruído de trens e aviões e uma série de fatores de estilo de vida, potencialmente desconcertantes, como o tabagismo, a alimentação e o consumo de álcool.



Os participantes da pesquisa viviam, em sua maioria, em áreas urbanas e, portanto, não representavam a totalidade da população em termos de exposição ao ruído do trânsito.



A proximidade com este barulho também está relacionada com a classe social, uma vez que os mais abonados conseguem pagar para morar em regiões mais silenciosas.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT


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